O sonho de mendeleev

O Sono de Dmitri Mendeléiev Os flocos de neve que batiam contra o vidro da janela embelezavam ainda mais a paisagem daquela tarde em fevereiro de 1869 em São Petersburgo. No entanto, os olhos do professor, acostumados aos climas extremos da Sibéria, sua terra natal, estavam imersos em cada uma das cartas que ele havia organizado sobre a mesa. Em cada uma dessas cartas, ele anotou a massa atômica e as propriedades físicas mais representativas de cada um dos 56 elementos químicos descobertos até agora. Durante suas viagens de trem por toda a Rússia, ele se acostumou a se divertir misturando, agrupando e organizando todas essas cartas de uma maneira diferente, como se fosse um jogo solitário, em busca de um padrão oculto que resolvesse esse impossível jogo de palavras cruzadas. Agora ele havia ordenado novamente os elementos da menor para a maior massa atômica, mas ainda não conseguia encontrar a peça que completava esse quebra-cabeça, um novo tipo de classificação que agrupava os elementos de acordo com a semelhança de suas propriedades. Seus olhos subiam e desciam repetidas vezes pela fila de cartas até que de repente notou algo que causou uma estranha excitação. Ele percebeu que certas propriedades eram repetidas em alguns dos elementos em intervalos mais ou menos regulares. Tomou um pequeno gole do copo de vodka que repousava sobre a mesa e notou que o padrão que observara parecia desaparecer à medida que a série continuava. Ele não tinha dúvida de que estava perto de uma grande descoberta que ainda não havia entendido. Colapsado pela exaustão após um árduo dia de trabalho, ele descansou a cabeça emaranhada nos braços e deixou-se levar pelo sono até adormecer. Quando abriu os olhos, viu-se sozinho e deslocado em um jardim escuro, onde a grama parecia desenhar uma imensa grade sob seus pés. De repente, o jardim foi iluminado e do céu começou a cair regularmente enormes blocos de cores que representavam cada um dos elementos pelos quais ele vivia obcecado. Primeiro, o hidrogênio e o lítio caíram, localizados próximos um do outro, e então uma nova coluna foi formada com os elementos berílio, boro, carbono, nitrogênio, oxigênio, flúor e sódio. Ele percebeu como o último estava na mesma altura do lítio. Ele finalmente encontrou a periodicidade que tanto ansiava e compreendeu a relação que mantinha com a valência dos elementos, exatamente como seu subconsciente havia sentido. As propriedades foram repetidas a cada oito elementos da mesma maneira que as notas musicais nas diferentes escalas. Ele observou com entusiasmo o resto dos elementos continuarem se encaixando perfeitamente até completar um belo mosaico de cores sob seus pés. Ele também observou que alguns dos blocos já colocados abrigavam uma pergunta que previa a posição dos elementos ainda a serem descobertos. Sem dúvida, ele assistiu à mais bela obra de arte que ele jamais poderia imaginar. Ao acordar, Dmitri Ivanovich Mendeleev, ainda tremendo com a revelação de seu sonho, procurou um pedaço de papel para anotar tudo o que sonhara, assim foi criada a tabela periódica.