Acordei aos gritos do coronel, e levantei-me estremunhado. Ele, que parecia delirar, continuou nos mesmos gritos, e bateu-me na face esquerda, e tal foi a dor que não vi mais nada; atirei-me ao doente, pus-lhe as mãos ao pescoço, lutamos, e esganei-o. Quando percebi que o doente expirava, recuei aterrado, e dei um grito.
Quando percebi que o doente expirava, recuei aterrado, e dei um grito; mas ninguém me ouviu. Voltei à cama, agitei-o para chamá-lo à vida, era tarde; arrebentara o aneurisma, e o coronel morreu
Passei à sala contígua, e durante duas horas não ousei voltar ao quarto. Era um atordoamento, um delírio. Os gritos da vítima, antes da luta e durante a luta, continuavam a repercutir dentro de mim, eu ouvia distintamente umas vozes que me bradavam: assassino! assassino!
assasino!
assasino!
assasino!
Tudo estava calado. O mesmo som do relógio, lento, e seco. Colava a orelha à porta do quarto na esperança de ouvir um gemido, uma palavra ou injúria, qualquer coisa que significasse a vida, e me restituísse a paz à consciência. Mas nada, nada. Eu me arrependia-me de ter vindo.
Maldita a hora!
Como o silêncio, fui até janelas, Encostei-me ali por algum tempo, fitando a noite, deixando-me ir a uma recapitulação da vida, a ver se descansava da dor presente. Minutos depois, vi três ou quatro vultos de pessoas, era uma alucinação.
Antes do amanhecer decidi voltar ao quarto. Recuei duas vezes mas era necessário e entrei, ainda assim não cheguei logo onde o corpo estava. minhas pernas tremiam e meu coração não parava de bater. fui até onde estava e vi o sua face ainda com olhos abertos e boca aberta como se disse-se: Caim, que fizeste de teu irmão?