o sono da manhã pousada nos olhos de pajé como névoas de bonança pairam ao romper do dia sobre as profundas cavernas da montanha.
Martim parou indeciso; mas o rumor de seu passo penetrou no ouvido do ancião, e abalou seu corpo decrépito.
enquanto caubi pendurava no fumeiro as peças de caça, Iracema colheu a sua alva rede de algodão com franjas de penas, e acomodou-a dentro do uru de palha trançada.
martim esperava na porta da cabana. A virgem veio a ele:
Guerreiro, que levas o sono dos meus olhos, leva minha rede também . quando dormires, falem em tua alma os sonhos de Iracema
tua rede, virgem dos tabajaras, será minha companheira no deserto:
venha embora o frio da noite, ela guardará para o estrangeiro o calor e o perfume do seio de Iracema.
desceram a colina e entraram na mata sombria. O sabiá do sertão, mavioso cantor da tarde, escondido nas moitas espessas da ubaia, soltava os prelúdios da suave endecha
A boca boca do guerreiro pousou na boca mimosa da virgem. Ficaram ambos assim unidos como dois frutos gêmeos do araçá, que saíram do seio da mesma flor.
Estrangeiro, toma o último sorriso de Iracema... e foge!!!
a voz de Caubi chamou o estrangeiro. Iracema abraçou para não cair, o tronco de uma palmeira
Iracema está apoiada no tronco rudo, que serve de esteio. Os grandes olhos negros, fitos nos recortes da floresta de rasos de pranto, estão naqueles olhares longos e trêmulos enfiando e desfiando os aljôfares das lágrimas, que rorejam as faces
é o grito de guerra do guerreiro caubi!
disse ele admirado
foi o canto da inhuma que acordou o ouvido Araquém?
a virgem estremecera e já fora da cabana, voltou-se, para responder á pergunta do pajé: