João Brandão é um estudioso de fenômenos sociais, modismos e frivolidades que, no momento, dedica-se à pesquisa do punk.
Suspeito, ainda sem muitas conclusões, que o punk veio atender as necessidades do País nessa conjuntura.
O punk pobre revela, no seu despojamento, que para ser punk é necessário enfrentar uma barra e abrir mão de toda a sociedade de consumo. Ao passo que o Leblon é consumista, no esquema clássico.
Existe uma grande diferença, entre esses dois grupos, diante da vida. Um grupo finge contestar, já o outro contesta mesmo. Contesta em verso, som, gesticulação, aparência.
Resumindo, eu simpatizo com o punk despojado, mau porta e mau cantor, mas empolgado pela missão que se atribui, de destruir a ordem conservadora por meio da música, do grito, do gesto e do anarquismo primário.
Os punks sabem que, com o passar da moda, terão que inventar outra forma de protesto que seja lazer, ou outra forma de lazer que seja protesto, ao passo que os ricos não estão ligando para isso, afinal, o futuro deles já está garantido.