A escrava 2
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- Ah! Minha senhora! Minha mãe morre.O que devo fazer?
- Quanta bondade minha senhora!
- Meus criados estão procurando-me, vou fazer levá-la para minha casa!
- Eu bem conhecia a gravidade do meu ato: recebia em meu lar dois escravos foragidos, e escravos talvez de algum poderoso senhor; mas em primeiro lugar o meu dever, e o meu dever era socorrer aqueles infelizes.
- Não, sou Gabriel mãe! Fala de meus irmãos Carlos e Urbano, oito anos, que meu senhor vendeu para o Rio de Janeiro.
- Que Horror!
- Carlos... Urbano...?
- Gabriel! Eu ainda posso falar. Minha mãe era africana, meu pai de raça índia; mas de cor fusca. Era livre, minha mãe era escrava Para minorar os castigos que este homem cruel infligia diariamente a minha pobre mãe, meu pai consumia seus dias ajudando-a nas suas tarefas; mas ainda assim, redobrando o trabalho, conseguiu um fundo de reserva em meu benefício.
- Um dia apresentou a meu senhor a quantia realizada, dizendo que era para o meu resgate. Meu senhor recebeu a moeda sorrindo-se tinha eu cinco anos. Custou a ir à cidade buscar a carta e quando foi demorou-se algumas semanas e, quando chegou, entregou a meu pai uma folha de papel escrita.
- Mesmo eu não sabendo ler valerá?
- Toma e guarda! Essa é a carta de liberdade de Joana.
- Meu pai não sabia ler, de agradecido beijou as mãos daquela fera.Abraçou-me, chorou de alegria, e guardou asuposta carta de liberdade.sto durou dois anos. Meu pai morreu de repente e, no dia imediato, meu senhor disse a minha mãe:
- Joana que vá para o serviço, tem já sete anos, e eu não admito escrava vadia!
- Minha mãe, surpresa e confundida, cumpriu a ordem sem articular uma palavra. Nunca a meu pai passou pela ideia que aquela suposta carta de liberdade era uma fraude; nunca deu a ler a ninguém.
- Não, não há de acabar assim. Teu filho está sob minha proteção, e qualquer a atitude que possa assumir esse homem, que é teu senhor, Gabriel não voltará mais ao seu poder.
- Apadrinhe Gabriel, meu filho, ou esconda-o; olhe, se ele for preso, morrerá debaixo do açoite, como tantos outros, que meu senhor tem feito expirar debaixo do azorrague! Gabriel acabará assim.
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